Henri Fayol na encruzilhada da terceira via: organização da grande corporação e conflito social na forja do ideário fayolista

Elcemir Paço Cunha
DOI: https://doi.org/10.21529/RECADM.2021008

Texto completo:

PDF

Resumo

O objetivo do presente artigo é delimitar os fatores fundamentais na origem do pensamento fayolista. A pesquisa teórico-histórica realizada está inserida na problemática da sociologia do conhecimento e foi realizada com fundamentos no materialismo científico para o qual uma formação ideal está ativamente ligada a condições objetivas reais. O artigo identifica as limitações da busca das “afinidades eletivas” e sua contribuição está em estabelecer as condicionantes no contexto da França para o período mais ativo de Fayol, além de realizar análise imanente ao texto do autor permitindo sua consideração em relação a outros ideários da época. A pesquisa conclui que o ideário fayolista é uma resposta ao desenvolvimento da grande corporação capitalista em meio à crise econômica do século XIX e ao aguçamento do conflito social durante todo o período entre 1893 e 1920, aproximadamente. Pela feição do ideário, foi possível aproximá-lo das ideias corporativistas enquadradas na ideologia da “terceira via” que, diante do conflito social, assumiu posição conservadora entre os limites identificados do capitalismo e a recusa peremptória ao socialismo de então.


Palavras-chave

ideário fayolista; grande empresa; conflito social; terceira via


Compartilhe


Referências


Armstrong, J. A. (1973). European administrative elite. Princenton: Princeton University Press.

Azevedo Amaral, A. J. (1938). O Estado autoritário e a realidade nacional. Rio de Janeiro: José Olympio.

Bénistand, H. (2019). The issue of social productivity in the early works of André L. A. Vincent. European Society for the History of Economic Thought. University of Lille. Retrived July 5, 2020, from https://www.eshet-conference.net/lille/ed2019/papers/237/.

Bunge, M. (1991). A critical examination of the New Sociology of Science. Part 1. Philosophy of the Social Sciences, 21(4), 524–560. https://doi.org/10.1177/004839319102100406

Bunge, M. (1992). A critical examination of the New Sociology of Science. Part 2. Philosophy of the Social Sciences, 22(1), 46–76. https://doi.org/10.1177/004839319202200103

Bunge, M. A. (1999). Las ciencias sociales en discusión: una perspectiva filosófica. Buenos Aires: Sudamericana.

Bunge, M. (2006). Chasing reality: strife over realism. Toronto. University of Toronto Press.

Campos, F. (1940). O Estado nacional: sua estrutura, seu conteúdo ideológico. Rio de Janeiro: José Olympio.

Chasin, J. (1978). O integralismo de Plínio Salgado: forma de regressividade no capitalismo hípertardio. São Paulo: Livraria Editora Ciências Humanas.

Chasin, J. (2009). Marx – Estatuto ontológico e resolução metodológica. São Paulo: Boitempo.

Chevalier, J. (1946). L’Organisation du travail. Paris: Flammarion.

Clark, J. B. (1907). Essentials of economic theory: as applied to modern problems of industry and public policy. New York: Macmillan Co.

Cohen, Y. (2019). Fayol, un instituteur de l’ordre industriel. Entreprises et Histoire, 34(3), 29. Retrieved March 3, 2020, from https://www.academia.edu/3448279/Fayol_un_instituteur_de_lordre_industriel

Duménil, G., & Lévy, D. (2014). A crise do neoliberalismo. São Paulo: Boitempo.

Engels, F. (1981). Do socialismo utópico ao socialismo científico. (4a ed). São Paulo: Global.

Engels, F. (2015). Anti-Düring. São Paulo: Boitempo.

Fayol, H. (1921). L'incapacité industrielle de l'État: les P.T.T. Revue politique et parlementaire: questions politiques, sociales et législatives, 106, pp. 365-440. Retrieved August 19, 2018, from https://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k141770

Fayol, H. (1927a). ‘Préface à l’Eveil de l’esprit public’. Extrait du Bulletin de la Société de l’Industrie Minérale. (4a ed). Paris: Dunod.

Fayol, H. (1927b). L'administration positive dans l'industrie. Extrait du Bulletin de la Société de l’Industrie Minérale. (4a ed). Paris: Dunod.

Fayol, H. (1927c). De l'importance de la fonction adminsitrative dans le gouvernement des affairs. Extrait du Bulletin de la Société de l’Industrie Minérale. (4a ed). Paris: Dunod.

Fayol, H. (1931). Administration industrielle et générale. Paris: Dunod.

Fayol, H. (1964). Administração industrial e geral (5ª ed). São Paulo: Atlas.

Fayol, H. (1966). La doctrine administrative dans l’Etat. International Review of Administrative Sciences, 32(2), 114–133. https://doi.org/10.1177/002085236603200204

Gilormini, P. (2018). Vers une conception saint-simonienne de l’entreprise et de la société industrielle. Tese de doutorado, Université de Grenoble Alpes, Grenoble, Rhône-Alpes, França. https://doi.org/https://tel.archives-ouvertes.fr/tel-02012113

Gouldner, A. W. (1955). Introduction. In E. Durkheim (Ed.). Emile Durkheim: selected writings in social theory. London: Routledge.

Gressaye, J. B. (1938). La corporation et l'Etat. Archives de Philosophie du Droit et de Sociologie Juridique, (1), 2.

Guerlain, L. (2011). Droit et société au XIXe siècle: les leplaysiens et les sources du droit (1881-1914). Tese de doutorado, Université Montesquieu, Bordeaux, Nouvelle-Aquitaine, França.

Hau, M. (2010). Empreendedorismo na França. In D. S. Landes, J. Mokyr, & W. J. Baumol (Eds.). A origem das corporações. Rio de Janeiro: Elsevier.

Herf, J. (1986). Reactionary modernism: technology, culture, and politics in Weimar and the Third Reich. New York: Cambridge University Press.

Jevons, W. S. (1996). A teoria da economia política. São Paulo: Editora Nova Cultural.

Joll, J. (1960). Three intellectuals in politics. New York: Pantheon Books.

Landes, D. S. (1969). The unbound Prometheus. Cambridge: Cambridge University Press.

Lukács, G. (1972). El asalto a la razon. (3a ed). Barcelona: Grijalbo.

Lukács, G. (1979). Existencialismo ou marxismo? São Paulo: Editora Ciencias Humanas.

Lukács, G. (2012). Para uma ontologia do ser social I. São Paulo: Boitempo.

Lukács, G. (2013). Para uma ontologia do ser social II. São Paulo: Boitempo.

Magraw, R. (1987). France, 1815-1914: the bourgeois century. London: Fontana.

Mannheim, K. (1950). Ideologia e utopia: introdução à sociologia do conhecimento. São Paulo: Editora Globo.

Marx, K, & Engels, F. (1998). Manifesto do partido comunista. São Paulo: Boitempo.

Marx, K. (1974). Prefácio de contribuição à crítica da economia política. In Marx, K. Manuscritos econômico-filosóficos e outros textos escolhidos. São Paulo: Abril Cultural.

Marx, Karl. (2004). Manuscritos económico-filosóficos. São Paulo: Boitempo.

Marx, Karl. (2013). O capital. Livro I. São Paulo: Boitempo.

Merkle, J. R. (1980). Management and ideology: the legacy of the international scientific management movement. Berkeley: University Of California Press.

Mészáros, I. (1993). Filosofia, ideologia e ciência social: ensaios de negação e afirmação. São Paulo: Editora Ensaio.

Mony, S. (1882). Étude sur le travail, résumé et conclusions, par S. Mony. (2a ed). Paris: Hachette. https://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k8630821t

Morin, P. (1989). Atualidade de Henri Fayol. In H. Fayol. Administração industrial e geral. São Paulo: Atlas.

Napoli, P. (2002). De Frédéric Le Play à Joseph Wilbois: les métamorphoses de la gestion administrative. Les Études Sociales, (135-136), 39-65.

Paço Cunha, E., & Guedes, L. T. (2017). Recepções do ideário Marxista pelo pensamento administrativo: da oposição indireta à assimilação relativa. Organizações & Sociedade, 24(82).

Paço Cunha, E. (2020). Gênese do Taylorismo como ideologia: acumulação, crise e luta de classes. Organizações & Sociedade, 27(95), 63-93.

Paço Cunha, E. (2018). Ciência revolucionária: manifesto e miséria da filosofia. Sapere Aude, 9(18), 161-177. https://doi.org/10.5752/P.2177-6342.2018v9n18p161-177

Paço Cunha, E. (2019). Centralidade da gestão do Estado como limite da razão política ou para uma crítica da administração política. REAd, 25(2), 150–178. https://doi.org/10.1590/1413-2311.237.809126

Peaucelle, J. L., & Guthrie, C. (2013). Henri Fayol. In M. Witzel & M. Warner (Eds.). The Oxford handbook of management theorists. Great Britain: Oxford University Press.

Peaucelle, J. L. (2016). Saint-Simon, aux origines de la pensée de Henri Fayol. Entreprises et Histoire, 34(3), 69–83. Retrieved December 18, 2019, from https://www.cairn.info/revue-entreprises-et-histoire-2003-3-page-69.htm

Pirou, G. (2005). Les doctrines économiques en France depuis 1870. Université du Québec. Retrieved December 18, 2019, from http://classiques.uqac.ca/classiques/pirou_gaetan/doctrines_econo_france/doctrines_econo_france.html

Rathenau, W. (1921). Days to Come. London: G. Allen & Unwin.

Reid, D. (1986). Genèse du fayolisme. Sociologie du Travail, 28(1), 75–93. https://doi.org/10.3406/sotra.1986.2030

Rojas, L. (2017). Henri Fayol et « l’industrialisation » de l’État. Revue Française d’Histoire Des Idées Politiques, 1(45). https://doi.org/10.3917/rfhip1.045.0165

Shorter, E., & Tilly, C. (1974). Strikes in France, 1830-1968. London; New York: Cambridge University Press.

Souza, E. M. (2009). A contribuição de Henri Fayol para o desenvolvimento de estratégias organizacionais. Tese de doutorado, Universidade FUMEC, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil.

Souza, E. M. D., & Aguiar, A. C. (2010). Publicações póstumas de Henri Fayol: revisitando sua teoria administrativa. Revista de Administração Mackenzie, 12(1), 204–227. https://doi.org/10.1590/s1678-69712011000100008

Struve, W. (1973). Elites against democracy: leadership ideals in bourgeois political thought in Germany, 1890—1933. Princeton: Princeton University Press.

Taylor, F. W. (1953). Princípios de administração científica. (2a ed). São Paulo: Atlas.

Tilly, C., & Shorter, E. (1973). Les vagues de grèves en France, 1890- 1968. Annales. Histoire, Sciences Sociales, 28(4), 857–887. https://doi.org/10.3406/ahess.1973.293390

Tragtenberg, M. (2009). A falência da política. São Paulo: Editora da UNESP.

Vaisman, E. (2006). A usina onto-societária do pensamento. Verinotio – Revista on-Line de Filosofia e Ciências Humanas, (4), 24–24. Retrieved September 11, 2018, from http://www.verinotio.org/sistema/index.php/verinotio/article/view/27

Vaisman, E. (2010). A ideologia e sua determinação ontológica. Verinotio – Revista on-Line de Filosofia e Ciências Humanas, (12), 14–14. Retrieved September 11, 2018, from http://www.verinotio.org/sistema/index.php/verinotio/article/view/100

Wiarda, H. J. (1978). Corporatist theory and ideology: a Latin American development paradigm. Journal of Church and State, 20(1), 29–56. https://doi.org/10.1093/jcs/20.1.29

Witzel, M. (2017). A history of management thought. New York: Routledge, Taylor & Francis Group.

Wren, D. A., Bedeian, A. G., & Breeze, J. D. (2002). The foundations of Henri Fayol’s administrative theory. Management Decision, 40(9), 906–918. https://doi.org/10.1108/00251740210441108




Licença Creative Commons
Esta obra está licenciada sob uma licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional.