Compreendendo o Corpo a partir das Práticas de Organização: Etnografia de uma Organização Artesanal

Lara Rezende, Josiane Silva de Oliveira, Euna Cristina Lima Mendes Adorno
DOI: https://doi.org/10.21529/RECADM.2018002

Texto completo:

PDF

Resumo

O objetivo desta pesquisa foi compreender como o corpo constitui as práticas de organização de um espaço artesanal na cidade de Goiás, Goiás. Realizamos uma aproximação teórica entre os conceitos de práticas e de corpo a partir dos debates propostos por Michel de Certeau. A metodologia de pesquisa utilizada foi a etnografia, que envolve realizar entrevistas informais de histórias de vida, bem como observações participantes em uma organização artesanal que atua na área gastronômica na produção do “empadão goiano”. A pesquisa foi realizada entre os meses de agosto de 2015 e fevereiro de 2016, na cidade de Goiás, interior do Estado de Goiás. A organização artesanal em estudo atua na produção do “empadão goiano”, considerado uma comida típica goiana e que está em processo de reconhecimento pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional [IPHAN] como patrimônio cultural imaterial no Brasil. Como contribuição aos Estudos Organizacionais, especialmente aos Estudos Baseados em Práticas, postulamos que as práticas de organização se constituem a partir de micropolíticas do corpo no cotidiano de vida social, especialmente na produção do cotidiano organizacional.


Palavras-chave

Práticas de organização; Corpo; Organização artesanal; Etnografia; Goiás


Compartilhe


Referências


Bispo, M. S. (2015). Methodological Reflections on Practice-Based Research in Organization Studies. Brazilian Administration Review, 12(3), 309-323.

Buchanan, I. (2000). Michel de Certeau: cultural theorist. Londres: Sage.

Buchanan, I. Heterophenomenology, or de Certeau’s theory of space. (1996). Social Semiotics, 6(1), 111-132.

Certeau, M. (2008). A invenção do cotidiano: artes de fazer. Petrópolis: Vozes.

Certeau, M. (2002) História de corpos. Proj. História, 25, dez, 407-412.

Clifford, J. (2008). A experiência etnográfica. Rio de Janeiro: UFRJ.

Corradi, G., Gherardi, S. & Verzelloni, L. (2010). Through the practice lens: where is the bandwagon of practice-based studies heading? Management Learning, 41(3), 265–283.

Courpasson, D. (2017). The Politics of Everyday. Organization Studies, 38(6), 843–859.

Dale, K. (2001). Anatomising embodiment and organizaton theory. Basingstoke: Palgrave.

Delgado, A. F. (2005). Goiás: a invenção da cidade “Patrimônio da Humanidade”. Horizontes Antropológicos, 11(23), 113-143.

Denzin, N. K. & Lincoln, Y. S. (orgs). (1994). Handbook of qualitative research. London: Sage.

DeWalt, K. M. & DeWalt, B. R. (2011). Participant observation: a guide for fieldworkers. Toronto: Altamira Press.

Dosse, F. (2004). O espaço habitado segundo Michel de Certeau. ArtCultura, 9(27), 85-96.

Feldman, M. S. & Orlikowski, W. J. (2011). Theorizing practice and practicing theory. Organization Science, 22(5), 1240–1253.

Figueiredo, M. D. (2013). A transmissão do saber-fazer enquanto intencionalidade incorporada. Tese de doutorado em Administração, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brasil.

Figueiredo, M. D. & Cavedon, N. R. (2015). Transmissão do Conhecimento Prático como Intencionalidade Incorporada: Etnografia numa Doceria Artesanal. Revista de Administração Contemporânea, 19(3), 336-354.

Flach, L. & Antonello, C. S. (2011). Organizações culturais e a aprendizagem baseada em práticas. Cadernos EBAPE.BR, 9(1), 155–175.

Flores-Pereira, M. T., Davel, E. & Cavedon, N. R. (2008). Drinking beer and understanding organizational culture embodiment. Human Relations, 61, 1007-1026.

Foucault, M. (2010). O sujeito e o poder. In: Rabinow, P.; Dreyfus, H. L. Michel Foucault: uma trajetória filosófica. Rio de Janeiro: Forense Universitária, pp. 296-342.

Gherardi, S. (2012). How to conduct a practice-based study. Cheltenham: Edward Elgar.

Gherardi, S. (2010). Telemedicine: A practice-based approach to technology. Human Relations, 63(4), 501–524.

Giard, L. (2008). Introdução. In: Certeau, M. A invenção do cotidiano: artes de fazer. Petrópolis: Vozes.

Golshorki, D., Rouleau, L., Seidl, D. & Vaara, E. (2010). Handbook of strategy as practice. Cambridge: Cambridge University Press.

Gouvêa, J. B. & Ichikawa, E. Y. (2015). Alienação e resistência: um estudo sobre o cotidiano cooperativo em uma feira de pequenos produtores do oeste do Paraná. Revista Gestão & Conexões, 4(1), 68-90.

Halford, S. & Leonard, P. (2006). Place, Space and Time: Contextualizing Workplace Subjectivities. Organization Studies, 25(5), 657-676.

Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional [IPHAN]. (2015). Inventário Nacional de Referências Culturais vai ser apresentado para comunidade de Goiás. Recuperado em 25 de julho, 2015, de http://portal.iphan.gov.br/noticias/detalhes/278/

HARDING, N. (2002). On the manager’s body as aesthetics o control. Tamara: Journal of Critical Postmodern Organization Science. 2(1), 63-76.

Jarzabkowski, P. (2004). Strategy as Practice: Recursiveness, Adaptation, and Practices-in-Use. Organization Studies, 25(4), 529-560.

Leite-da-Silva, A. R., Carrieri, A. P. & Souza, E. M. (2012). A constructionist approach for the study of strategy as social practice. Revista de Administração Contemporânea, 9(Special Issue), 1-18.

Oliveira, J. S. & Cavedon, N. R. (2013). Micropolíticas das práticas cotidianas: etnografando uma organização circense. Revista de Administração de Empresas, 53(2), 156-168.

Peach, A. (2007). Craft, souvenirs and commmodification of national identity in the 1970’s Scotland. Journal of Design History, 20(30), 243-257.

Santos, L. L. S. & Alcadipani, R. (2015). Por uma Epistemologia das Práticas Organizacionais: A contribuição de Theodore Schatzki. Organizações & Sociedade, 22(72), 79-98.

Sennett, R. (2009). O artífice. Rio de Janeiro: Record.

Schatzki, T. R. (2006). On organizations as they happen. Organization Studies, 27(12), 1863-1873.

Tureta, C. & Alcadipani, R. (2011). Entre o Observador e o Integrante da Escola de Samba: Os Não-Humanos e as Transformações Durante uma Pesquisa de Campo. Revista de Administração Contemporânea, 15(2), 209-227.

Valentine, G. (2002). In-corporations: Food, Bodies and Organizations, Body & Society, 8(2), 1-20.

Yakhlef, A. (2010). The corporeality of practice-based learning. Organization Studies, 31(4), 409-430.

Wollf, K. (2017) Plastic Naturecultures: Multispecies Ethnography and the Dangers of Separating Living from Nonliving Bodies. Body & Society, 23(3) 23-47.




Licença Creative Commons
Esta obra está licenciada sob uma licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional.